Graça Craidy é uma pessoa muito especial. Trabalhou em agências de publicidade mas acabou se dedicando às artes plásticas. Suas últimas produções como a série dedicada a Clarice Lispector e as ilustrações para o livro “Grande Sertão, Veredas”, de João Guimarães Rosa são prova que fez a escolha certa ao trilhar este caminho. Graça escreve com muito humor e irreverência como pode ser confirmado numa visita a seu blog.

O livro que resultou de sua tese sobre publicidade traz uma abordagem muito original sobre vários criadores de uma época vibrante da publicidade brasileira.

Conheci o Neil Ferreira em 1971,

quando ainda era uma estudante de Comunicação, na Famecos PUCRS e fazia com meus colegas um jornalzinho chamado PUK PUK, onde exercíamos o nosso lado mais picante e implicante. Neil me chegou pelas mãos dos meus colegas que o entrevistaram em São Paulo, em um congresso de Comunicação.

Como eu era a Secretária de Redação do dito PUK PUK, eu que editei a entrevista para publicar no jornal daquele mês. E me deliciei com as ideias dele, com o humor cortante, com o desaforo de afirmar que a cesta de lixo dele sustentaria uma agência inteira. E, também, com a resposta debochada, ao ser perguntado por que não tinha sua própria agência : – e eu ia pedir demissão pra quem? Neil sempre foi um norte na minha carreira, quando virei redatora publicitária, eu queria ser como ele, escrever como ele, dar aquelas tacadas nobres e cáusticas como ele.

Três décadas depois, quando resolvi fazer Mestrado em Comunicação, pesquisei sobre os grandes criadores publicitários brasileiros e, claro, olha o Neil ali de novo! Conversei com ele por email quilômetros de letrinhas, chegávamos a trocar três quatro emails por dia, pois eu não parava de perguntar e cada resposta dele me instigava a fazer mais perguntas. Foi um momento de glória e privilégio que me marcaram e deixaram minha dissertação rica de informação exclusiva e fundamental para compreensão de um tempo de ouro na publicidade brasileira.

Conteúdo, aliás que integrou o meu livro Do porão ao poder ( Dialética, SP, 2022). É uma alegria e uma honra fazer parte deste memorial dedicado a Neil Ferreira, um grande.

Viva Neil para sempre!

trecho do artigo retirado do blog de Graça Caidy

Neil Ferreira, l’enfant terrible da criação

– ‘Bora, Bob? – convidava Neil, neto do turco Haddad, dito Ferreira.

Era pra já. Rabo abanando, o incondicional Bob – de raça ignorada – seguia o filho único do casal cerqueirense Antônio Ferreira e Lília Lopes Ferreira, onde quer que fosse, pelas ruas arenosas de Cerqueira Cesar, cidadezinha a 300 km ao sudoeste da capital São Paulo.

Tão pequena que, no começo daqueles anos 50, quando atingia a sua terceira década independente do município de Avaré, abrigava não mais que 9.000 almas. Entre elas, a do futuro jornalista e criador publicitário Neil Ferreira, nascido em 18 de abril de 1943.

O sobrenome Ferreira vinha do avô sírio – provavelmente chegado ao Brasil em um navio da Navegazione Generale Italiana – e que havia traduzido o seu Scandra Haddad original para, literalmente, Alexandre Ferreira. O insólito prenome Neil – segundo o próprio – foi escolhido pela mãe, inspirada em um romance policial inglês. (…)

Leia o artigo completo no blog de Graça Craidy:

Neil Ferreira, l’enfant terrible da criação

Entrevista de Neil para Graça em 1971, quando se conheceram.
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Comentário de Graça a respeito de um dos anúncios mais famosos do Neil.
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