De cara, duas coisas me ligaram ao Neil: o amor à minha irmã
Eliana e ao São Paulo.
O casal Eliana/Neil foi um sucesso; alias continua a mesma paixão após sua saída de cena.
Já a sua relação com o São Paulo F.C. foi antes de tudo emocional. Uma relação de amor total mas cheio de desconfianças com os “inimigos”.
É que Neil cruzava seu passionalismo com toques de humor muito peculiares. Seus exageros e espírito crítico serviam como temperos para seus textos geniais na publicidade onde sobressaíam uma inteligência brilhante e aguda.
Esse passionalismo também temperava o amor pelo São Paulo. Meio galhofeiro, meio a sério, Neil sempre enxergava alguma conspiração. Eram todos contra o tricolor:
Sempre alguém estava tramando algo contra o São Paulo.
Especialmente o Corinthians, principal adversário. : “hoje vamos arrasar ‘us’ preto” dizia brincando. Atenção: era brincadeira mesmo, Neil definitivamente não era preconceituoso.
Fanático pelo São Paulo passou o privilégio de ser são paulino para o filho Zé Bento que por sua vez lhe deu um neto chamado Luis Fabiano, nome de um dos maiores centro-avantes que já se viu—apelidado pela torcida são paulina de Luis Fabuloso.
Publicitário consagrado, “gênio” da profissão, o sucesso tinha a ver com uma rotina de trabalho impressionante. Quando ainda estava na DPZ me contou que fazia todos os dias um texto para cada cliente; quando chegava a hora de uma campanha ele já partia com uma pasta cheia de idéias.
Alexandre e Neil
Outra razão para tanto sucesso era o amor pelo cinema. Neil dormia pouco. Lembro de uma conversa em que ele contava ter a mesma insônia do Fidel Castro.
Todas as noites , durante a insônia, assistia um filme. Essa era outra marca pessoal/profissional do Neil. Uma cultura cinematográfica impressionante a completar seu perfil de profissional. Além do domínio do texto essa proximidade com o cinema era parte de sua criação junto a profissionais como o seu querido amigo , diretor de cinema Júlio Xavier da Silveira.
Neil também partilhava comigo lembranças de seu início de carreira como jornalista.
Nós dois trabalhamos nos Diários Associados , grupo que nas décadas de 1950 e 1960 tinham um tamanho parecido com que mais adiante conformou a Globo.
Só que os Diários tinham uma administração caótica. O cotidiano parecia uma chanchada permanente. Assunto não faltava. Também a política merecia do Neil posições candentes.
Não é o caso de mencionar aqui as suas preferências mas como sou jornalista o debate político era motivo de arrebatadas avaliações do Neil; arrebatadas, inteligentes e agudas.
Na verdade, meu cunhado tão emocional e apaixonado era ainda mais emocional e apaixonado quando se tratava de seu núcleo familiar.
Eliana, sua companheira de vida, seus filhos e seus netos.